quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Bordado em Tecido


Quero contar a todos que nada na vida é por acaso.
Nem os acasos acontecem sem serem tecidos nas linhas que a vida traz.
Ás vezes tênues tantas vezes firmes
Ás vezes tortas muitas vezes curtas

A vida alinha:

os ponteiros do relógio e também os dias que o relógio faz, o ponto em que as agulhas formam o bordado da roupa do batizado, a gravata de cetim do pajem, o vestido branco da noiva aflita ou o véu preto que cobre o rosto da viúva

E é aí

Que a linha
se percebe suave
no detalhe que a 
lágrima destaca
no brilho que ressalta
na transparência translúcida 
a beleza do momento em observação.

São essas as horas
Que os anjos ligam a luz do refletor,
desligam o ponteiro
e começam a bordar:
- Olha que linha bela que ele mereceu...
- Olha que brilho esse verde na vida dela!

São paradas no tempo,
fotografias essas que ficam 
na alma;

Ás vezes tênues 
tantas vezes firmes 
são as linhas que compõem o tecido da vida na memória;

São essas linhas escolhidas a dedo pelos anjos 

que são iluminadas pelas lágrimas

Que são presentes de Deus, lágrimas vistas do alto.

Sem elas os homens explodiriam

Não porque não caibam na imensidão de um homem

Mas porque se não fossem lágrima, seriam estrelas

E o escuro da noite seria coberto por penas
de pássaros de sonhos
Que de tanto se alimentarem de brilho cobririam o céu.

Por isso o presente
Por isso o hoje 
Por isso Deus.