sábado, 21 de setembro de 2013

Espelho do Tempo

A grossa cicatriz no pescoço,

primeira coisa que olhei quando o vi de costas descendo a Afonso Pena, era o que mostrava ser ele, um homem que viveu.

A camisa azul regata, a bermuda bege, e as pernas fortes, de quem usou de sua força por muito tempo, transpiravam um ar de correria. Seus tênis eram escuros. 

Ele andava muito rápido.

O pescoço era curto.
Os cabelos raspados, bem batidos com manchas cinzas.

O homem parecia ter sobrevivido ao que se chama vida. E as marcas do tempo eram nítidas.

A cicatriz era sua marca, seu legado, e sua exatidão.

Não se sabia se era a cicatriz que transparecia o homem,

ou se era ele,

que se refletia na cicatriz.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom... Muito bom!

"[...] era o que mostrava ser ele, um homem que viveu."

É bem capaz mesmo que as nossas cicatrizes sejam aquilo que mostra que realmente vivemos.
Só que tem cicatriz que é bem discreta. Só a pele remendada é que sabe que ela [cicatriz] existe, longe do olhar do resto do mundo.

=)

Parabéns pelas suas palavras! Tô apreciando ler seus textos!

Milla.

Isabel Gripp disse...

Obrigada Milla! É sempre bom ler palavras cativantes assim.
Para mim é um prazer escrever.
Caso tenha um blog, compartilhe comigo!

Grande abraço.