domingo, 12 de julho de 2009

João 63.

o encanto em rebatida,bate,volta sacode,se encolhe e explode.
voam gotas
abre-se o sorriso
fecha-se o abraço
mata-se o tempo
e
o encanto em partida.
chegada?
partiam lados
partiam dias
partiam ventos
frieiras,calotes e calores.

Partir algo que não se reproduz,que não se copia,nem se comove.

partir em retirada
ser vaga
vão
sol
.

ser laço,ser família,ser canto e poesia.

tudo pesa,repensa e se nega na solidão.
tudo bate rebate,explode encolhe,enriquece
sobre a face maquiada
cinza,escura,clara,amarela.

João apaixonado 63.

Ela..
era como um vão de calor em um mar de labaredas.
ela era amarela
doce e
bela
como as 5 horas de uma tarde em Montes Claros,ao norte.

ela era esguia,linda,
como só um homem apaixonado poderia descrever.
Eu a vi enquanto escrevia esses versos de paixão em forma de platão.
O cheiro era como cola-de-sapato,ou como algo a que se possa comparar
a alguma coisa que cole forte,e não se solte mais das suas narinas.
o cheiro dela era fresco , macio.
O cheiro que fazia um conjunto perfeito com o shampoo,e assim juntos dançavam, e riam,
e brincavam em ciranda em torno de seu corpo.
O trocar de pernas,a orelha e os dedos em vermelho.

Descrevê-la sobre um papel,seria como colocar as estrelas em um copo.
Impossível.
Melhor era vê-la todos os dias.
Sentir, o trocar de pernas em conjunto com o salto fazer barulhinhos sobre
o chão.
Ela não sabia sobre mim.
E eu só sabia pensar nela.

Talvez me visse quando passava pela minha fileira.
Mas eu era só mais um dos pagantes daquele funil de seleção para estudantes.

Ela...
Era um encanto.
bela...
e eu?
Eu era João apaixonado número 63.
A resultante do número de homens frequentadores daquele antro de loucura estudantil.
Era 15h42min.
A vi passar em frente as barcas.
Eu indo,ela vindo.
Me reparou de longe,mexeu nos óculos,e abaixou o olhar até esperar o momento que iria passar por mim,
para assim me comprimentar com um leve abaixar da cabeça.
Nem imaginava que ela o faria.
Aquele foi um momento esplêndido.
Fiquei sem dormir naquela noite,pensando nela,mas pensando no que faria amanhã para começar alguma conversa que
rendesse trocas de falas interessantes...
Daquelas que ela demorasse a responder,olhando pro teto rapidamente,aonde, nesse segundo, poderia reparar seus ombros e a parte branca inferior dos olhos;
sua boca,
com a língua passando rapidamente pelo lábio inferior.

E se pudesse depois convidá-la para lanchar no intervalo?
vê-la comer!
E assim,se pudesse vê-la, sujar o canto da boca sem perceber,
e num rápido movimento levar minha mão,
ao canto do lábio dela
para acarinhar
limpando o pedaço que ali estaria.

Ela é bela...
intelinge,entusiasmante.
A paixão platônica perfeita para 63 Joãos apaixonados.

Pra mim,ela é pura tentação,e trabalha para algum concorrente.
Desviar tantas atenções e ter um corpo de sereia,
ter jeito de atriz...
Ah! É muito queijo pra pouco pastel.
Tem cara de ser culta,mas como toda bonitona, deve ser uma porta.

O concorrente agradece.
Tantas perdições de olhares, trocas de pernas,
devem valer uns 600 reais por mês.
Ela que agradece,pois ainda pode passar no vestibular.

Será que ela pensa em mim?
Porque eu já estou cansado de achar que ela é uma mentira.
Só assim tentaria esquecer aquela mulher.
Não pense nela.
Não olhe pra ela.
Não sinta o cheiro dela!


Ela é mentira.
mentira
mentira
mentira

Rio de Janeiro,rio de mim mesmo,rio de tantas lindas e eu só penso nela.
Amanhã vou acordar mais cedo pra me arrumar pra ela.
Talvez crie coragem e pergunte o nome dela.

De tão bela deve ser nome de flor.

Um comentário:

Unknown disse...

fodástico.
muito bem escrito como sempre.