domingo, 30 de maio de 2010

Rascunho de canção, ou contagem de batimentos de um samba que não chegou.

Era tudo o que desenhava naqueles dias.
Aquela primeira letra, aquele primeiro nome... aquele fino traçado e o contorno me faziam suspirar.
A página inteira, o caderno avulso, de páginas completas de canções sobre o que há em mim, o que mais dói, o que mais vive.
Coisa que penetrava, não verme, não fuga, não ansiedade, nem felicidade.
Não parava de bater. Era latentemente constante, tum e tum e mais tum que não tornava-se firme, simples, calmo.
Nada teria o par se não o amor.
Tum tum tum
O que houve?
Tum tum tum
Por que ele?
TUM TUM TUM
AAAh!
(Que falta de paciência em aceitar o gosto desse chá amargo)
Chega disso.

Quero rua, ruassa, aruaça feito criança em dia de copa.
Pais pra lá, doces pra cá, e um gol.
Gol, fúria, emoção no corpo, coisa de carnaval.
É isso que eu quero!
[E não esse tum que me vicia mais que tele-novela.]
-"Mais que tele-novela"
O mundo não quer me ver ouvir ou dizer ou sentir isso.
Resquícios de uma cobrança em meu tempo tão dilacerado pelas estações, o aluguel, e esse ventilador hormonal.
Paranormal.
-Val que saudade de você.
Valério tinha nas mãos os meus ombros, os meus dedos e o meu carnaval.
Agora que me deixou, me largou em pleno junho displicente e indeciso ele próprio.
Não sabia se era calor, se era frio ou se era enxurrada de pós-verão.
Assim eu vou, com esse tum e esse passo torto,esse vento novo sob os meus lençóis, aquele vento de sopro, um vento puxado, solto, parado, de um soluço de adeus-amor.

Quero saudade constante, fino traçado dentro de mim, pra ver se assim você sente, vê seu poente, e volta pra mim.




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